Liberdade e meditação

quinta-feira, 5 de julho de 2012 0 comentários


Estamos muito empenhados na luta pela liberdade religiosa, política, social. Luta justa e sensata, mas a maioria de nós não se pergunta se é livre intimamente. Nossa mente é escrava de nossas próprias projeções, ânsias e apetites. Psicologicamente cria-se uma prisão própria através dos desejos, medos e apegos. Precisamos descobrir como nossa mente funciona, treiná-la e utiliza-la como um instrumento de manifestação do puro amor que somos, aí sim, saberemos alguma coisa sobre liberdade. Antes disso, somos escravos de nós mesmos, dos hábitos e desejos que nutrimos com nossos pensamentos, emoções e atitudes.

Nutrir as causas de nossa prisão acontece de forma voluntária ou involuntária. Muitas vezes estamos tão familiarizados com essa postura que atitudes como essas se tornam automatizadas e habituais e, no pior dos casos, chegamos a nos identificar com elas e nem ao menos podemos imaginar a possibilidade de viver sem esse padrão de aprisionamento. Na verdade, nem mesmo parece ser uma prisão de tão acostumados que estamos nessa condição. Assim, o desejo, os medos, as projeções e os apegos se tormam comuns e normais diante dos olhos da maioria de nossa sociedade que, por sua vez, sofre do mesmo mal.
No Yoga e na maioria das tradições espirituais originadas no oriente, utiliza-se a meditação como um meio para estudarmos e conhecermos o que acontece na mente. Diferente do que se pensa comumente, meditar não é simplesmente parar de pensar, até porque esse é um dos estados mais avançados que se pode alcançar na meditação leiga. Meditação é parar em silêncio, diminuindo as atividades dos órgãos do sentido, o que no yoga é conhecido como pratyahara, e observar. Observar a mente: eis o primeiro passo e desafio para quem deseja a real liberdade.
Para começar, sente em um local onde você se sinta confortável e decida sentar, permanecer em silêncio e observar. Tente, de inicio, 5 minutos e aos poucos aumente o tempo, mas decida começar. O começo talvez seja a parte mais difícil. Aos poucos cultivará o gosto e até uma espécie de necessidade por esse momento de silêncio e auto estudo. Quando digo observe, observe o que acontece como quem observa o fluir de um rio ou como quem assiste a um filme. Não tente reter, parar, expulsar seus pensamentos no momento da meditação, sem apego, sem intenção de desenvolvê-los ou esperar para ver como as histórias criadas em nossas cabeças se desenrolam, apenas observe. Se surgirem memórias do passado, emoções, sensações, planos do que deve fazer, desista, pois nada disso que vem à mente está acontecendo de fato. Apenas observe. Mesmo que seja quase irresistível desistir, persevere e observe. Como um cientista em um laboratório que, sistematicamente, observa sua experiência para tomar nota dos resultados, sem interferir nos mesmos, e buscar o conhecimento, você, como cientista de você mesmo, em seu laboratório íntimo, observe com a imparcialidade cientifica, sem análises prévias e julgamentos pessoais, o que acontece com sua mente na experiência de ficar quieto. Apenas silencie e observe.
Sentar em silêncio e observar, é um método de pesquisa para auto descobrir-se. Conhecer a si mesmo, a mente, os pensamentos e compreender, a origem desses pensamentos e, por consequência, a origem dos medos, angustias, raivas, desejos, apegos, nos propiciará uma condição de conhecer a natureza da prisão psicológica construída por nós mesmos. Assim, se for de nossa vontade, podemos experimentar a "liberdade semente" de todas as outras, a liberdade íntima e irrevogável à existência humana.
Na vida, assim como na meditação, adote uma postura de cientista na busca de conhecer a si mesmo. Com vontade, comprometimento e perseverança, observe-se, sem julgamentos ou conceitualização, apenas observe-se. Se dê a oportunidade de ser livre do sofrimento e viver na plenitude da vida, no estado real de liberdade. Seja emocionalmente livre!

Fernanda Haskel

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